Resumo do livro O que é Teologia Reformada de R. C Sproul
Primeiramente o guia nos introduz a diferença entre Religião e Teologia. Religião seria o estudo do comportamento dos homens; Uma subdivisão da antropologia, já que estuda os costumes, crenças e religiões. Teologia, como diz a etimologia (theos=Deus, logia=estudo) é o estudo de Deus, sobre sua natureza e seus atributos. A teologia reformada já é um sistema de crença onde o centro é Deus e que se preocupa com a manutenção da soberania de Deus no centro de tudo. Existe essa preocupação pois desde a queda, o homem criou varias teologias corruptas onde o Deus verdadeiro não era o centro. A maior preocupação dos teólogos reformados é a de conhecer o Deus verdadeiro, pois esse conhecimento trás vida.
Como a teologia reformada é uma teologia sistemática, ela procura discernir como todas as verdades da bíblia se encaixam, já que é um concenso dentro da teologia reformada que a bíblia é coerente e inerrante. Mesmo sendo claro a doutrina de Deus que os reformados seguem e declaram como a verdade nas escrituras, muitos ainda tratam a doutrina reformada somente como uma das várias doutrinas que existem, e não a verdadeira doutrina. A catolicidade da doutrina reformada se dá pelo fato deles não negarem os princípios básicos da fé cristã. Pelo contrário, são nesses princípios que afirmam as suas doutrinas e se baseam na crença desses princípios. Mesmo suas doutrinas sendo bastante diferentes do que são pregadas em várias igrejas evangélicas atuais, os reformados são evangélicos, mas nem todo evangélico é reformado.
•Somente as Escrituras
Acreditamos no Sola Scriptura que é a doutrina que ensina que a nossa fonte e base de fé é somente a escrita e nada mais. Toda a revelação de Deus já nos foi dada pela lei, pelos profetas e pelos apóstolos. Ou seja, tudo que estiver em desacordo com a palavra de Deus nas escrituras é heresia e não deve ser tratado como doutrina. Os católicos já não seguem essa doutrina, pois acreditam que as tradições da igreja católica são tão importantes quanto as Escrituras. A bíblia é a única e ultima autoridade na questão de interpretação de doutrinas e também dela própria, já que ela é inerrante e infalível.
Outro ponto bastante relevante aos reformadores era que somente depositando a fé em Cristo Jesus é que podemos ser justificados de nossos pecados e delitos. Esse não era um debate trivial ou algo menor que outras doutrinas, mas o cerne do evangelho em si. A questão dessa doutrina é: Se Deus é um ser infinitamente Santo e Justo, como um pecador como pode sobreviver sobre Seu Julgamento Final? A resposta está em Romanos 3.26. Ele é justo e justificador daqueles que tem fé nele. Deus não simplesmente ignora o nosso pecado. Se assim o fizesse ele iria comprometer o seu caráter Santo. Portanto, nossa justificação se dá quando Deus declara que nós vê como justos perante ele, mesmo nós ainda sendo pecadores como disse Martinho Lutero "simul justus et peccator" Ao mesmo tempo justo e pecador. O Sola Fide só prenuncia a doutrina do Sola Cristus (Somente Cristo)
•Somente a fé
Com uma má interpretação de justificação, a igreja medieval entendeu que o homem foi tornado justo enquanto a interpretação correta seria reconhecido como justo. Mesmo acreditando na fé para justificação a igreja medieval batizava crianças onde se acreditava que, no batismo, a graça salvifica era infundida na alma da pessoa até que ela cometesse um pecado mortal. Depois de pecar se dizia que a pessoa ainda tinha fé, mas havia perdido a graça da justificação. Para a pessoa recuperar a sua justificação era necessário passar pelo sacramento da penitência, que incluia varios elementos como: confissão sacramental (que era o de ir se confessar ao padre que era um representante de Jesus e ele absolvia o seu pecado e recebimento de uma penitência), absolvição sacerdotal (Algum padre ou o próprio papa declarava os presentes na missa ou do convento perdoados de seus pecados) e obras de satisfação (o mérito era congruente, ou seja, por que ele era justo antes e agora voltou a fazer boas obras Deus o concede o perdão). Essa visão vai totalmente contra a doutrina da justificação pela fé somente, que é o meio pela qual a justica de Deus é dada a nós. A graça de Deus não é infundida em nós como dizia a igreja medieval, mas sim imputada em nós. Deus transfere para Cristo nossos delitos e iniquidades para que ele transfira de Cristo para nós toda a sua santidade e justiça. Ele nos encobre (propiciação) de sua justiça e, por que morrermos com Ele e Ele vive em nós, podemos nos considerar justos em Cristo. Está fé que trás a justificação trara o fruto da santificação, já que a fé sem obras é morta (Tg 2.17).
•Teologia do Pacto
A teologia do pacto é também muito importante dentro do mundo reformado. Ela observa a estrutura do pacto nas escrituras como um elemento crucial na conclusão do plano da redenção, fazendo distinção entre três pactos: o pacto da redenção (O pai, o Filho, e o Espírito Santo concordaram em fazer a redenção acontecer), Pacto da Obras (O pacto inicial que Deus fez com Adão como representante da humanidade) e o Pacto da Graça (Como Adão e Eva falharam em cumprir as ordenanças de Deus sobre o pacto de obras, mas Deus condescendente e prometeu a eles a redenção através de um filho de Adão, que é Jesus).
•Depravação Total
A doutrina da depravação total fala sobre como o pecado de Adão, o pecado original, condenou toda a humanidade a passar a eternidade no inferno. Esse pecado não somente causou um desvio moral, mas também influenciou todo o ser do homem. Não somos pecadores por que pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Depravação total não significa que a humanidade é tão mau quanto ele pode ser. Significa que a Queda é tão séria que afeta a totalidade do homem - mente, corpo e vontade.
Falando sobre Depravação total outro assunto ligado a ele seria o do livre-arbítrio. De acordo com a confissão de fé de Westminster o homem perdeu completamente sua liberdade em desejar qualquer bem espiritual. A questão de debates que duram até hoje é: O homem caído tem o poder moral para inclinar-se as ofertas de Deus ou Deus deveria intervir em sua natureza caída, pois o homem depravado nunca iria se inclinar a Deus? Essa pergunta foi respodida da seguinte maneira: Deus, unilateralmente, monergisticamente, independentemente e soberanamente trabalha na alma do homem, mudando a sua natureza inclinada para o mau, que estava morta e vivificando-a através do Espírito Santo. Antes da pessoa ir até Cristo ela precisa ser regenerada por ele e essa regeneração só acontece pela vontade exclusiva de Deus.
•Eleição Incondicional
Essa regeneração não possue condição nenhuma, como diz a doutrina da eleição incondicional. Isso quer dizer que Deus não vê merito nenhum no homem. O homem não precisa ser digno aos olhos de Deus para poder alcançar essa regeneração, até por que ele nunca iria alcançar este feito. Ele é alcançado por Deus, por livre e espontânea vontade de Deus. Ele é escolhido por puro beneplácito da vontade de Deus. Em Romanos 9 paulo fala que Deus não é injusto em escolher alguns em detrimento de outros pois "Deus tera misericórdia de quem ele aprouver ter misericórdia" (Rm 9.15) O que paulo está dizendo em Romanos 9 excandalizaria as igrejas de hoje em dia se fosse pregada em seus púlpitos.
•Expiação Limitada
Chegando no ponto mais polêmicos de todos os cinco pontos do calvinismo, a expiação limitada. Esse termo não quer dizer que há uma certa limitação ao sacrifício de Cristo, como se ele não tivesse poder suficiente para salvar toda a humanidade. Significa que o sacrifício de Cristo não é universal. Ele não é para todos, mas para somente aqueles que Deus escolher. Um termo que melhor traduz essa ideia seria expiação definida.
Muitos argumentam contra essa doutrina afirmando a passagem de 2 Pedro 3.8 que diz "O Senhor [...] é longânimo para conosco
Não querendo que ninguém pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento". Deixei as palavras em destaque para que fique mais prático o entendimento da passagem. Primeiramente o que Pedro quis dizer com querendo? Deus possui 3 tipos de vontade: a decretiva que significa a vontade que faz todas as coisas acontecerem cujo não é o caso aqui já que se Deus decretou que ninguém pereça todos seriam salvos. A preceptiva que é a vontade mandatária de Deus cujo é também pouco provável que se encaixem aqui, já que Pedro estaria dizendo que é um descumprimento da lei alguém perecer. E também a vontade de disposição que é o que agrada a Deus, o que muito provavelmente é o que o texto quer dizer.
E ninguém? Será que isso significa que Deus quer salvar todos os homens? Pouco provável que seja isso, pois antes de Pedro afirmar isso, ele usa a palavra conosco, ou seja, aos crentes em Cristo. O significado desta passagem portanto é que Deus não quer que nenhum de seus eleitos se perca, mas que todos os eleitos alcancem o arrependimento.
•Graça Irresistível
Mesmo o nome indicando que a graça de Deus aos eleitos é irresistível, a história do mundo é repleta de pessoas que resistiram a ela. Um nome melhor seria graça efetiva, já que traduz bem a ideia da graça de Deus ser tão poderosa e implacável que ela quebra toda a resistência natural a ela. É nesse contexto que entramos em outro ponto de discussão: fé procede a regeneração ou não? De acordo com a teologia reformada não. Fé, como diz Efesios 2.8, é dom de Deus por isso não provem do homem e é obtida pela regeneração que também provem de Deus. O argumento semipelagiano de que se você crer, você sera salvo fere o princípio da depravação total, de que o homem é incapaz de chegar até Deus sozinho.
A regeneração portanto é a ressurreição espiritual en Cristo Jesus. É a fagulha da vontade de Deus no coração do homem. Pois eu sou salvo porque quero ir até Cristo, mas eu só quero ir até Cristo pois Ele ja realizou uma mudança em minha natureza, pois se Deus não realizasse essa mudança, eu nunca viria até Cristo. Regeneração é obra monergistica. Somente Ele é capaz de fazer.
•Perseverança dos Santos
Sem duvida este é um dos pontos do calvinismo que eu mais gosto, pois fala sobre o cuidado de Deus com os seus eleitos. O terno que pode explicar melhor seria Preservação dos Santos. Todos os que foram eleitos pelo Pai, expiados porr Cristo e regenerados pelo Espírito Santo serão salvos por toda a eternidade e que nenhum deles cairá totalmente ou derradeiramente. "Aquele que começou boa obra em vós há de completa-la até o Dia de Cristo Jesus" (Fp 1.6). Se alguém se desviar e parar de confessar a Cristo é porque nunca pertenceu a ele (1 Jo 2.19).
Mesmo após serem salvos, os cristãos podem cair em pecados sérios. Mas mesmo podendo cair de maneira seria, nunca será total e definitiva. E o Espírito Santo que nos ajuda e é responsável para trazer o crente ao arrependimento, não somente iniciando a obra da regeneração e santificação, mas mantendo-a, já que somos selados com ele pela eternidade.
Cristo intercedeu por nós (Jo 17) e contínua intercedendo por nós e isso nos motiva a cada vez mais buscar a santidade e comunhão com Deus.
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