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Uma interpretação de Romanos 3



Essa interpretação foi feita usando alguns comentários de Calvino e conhecimentos prévios que eu tinha. Talvez eu acrescente mais alguma coisa no futuro.


3:1-6
Mesmo Paulo nos capítulos anteriores tendo demonstrado a ineficácia da circuncisão sem o cumprimento da lei, tornando o ato um mero cerimonial vazio, nos primeiros versículos de romanos 3 Paulo elabora que existe vantagem em ser judeu, já que a eles foram entregues os oráculos de Deus (a lei e as promessas do antigo testamento)
Sendo os judeus infiéis a lei isso não anula de nenhuma maneira a fidelidade de Deus a suas promessas "é impossível que a verdade de Deus perca a sua substância mediante a fraqueza humana".
No versículo 4, Paulo já nos introduz uma ideia de interdependência dos atributos divinos com o homem com a afirmação "Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso". O homem só é mentiroso porque Deus é verdadeiro. Essas duas verdades são dependentes da outra como as trevas dependem da luz ou o mal é dependente do bem.
Essa ideia interrompe o raciocínio da vantagem entre os judeu e os gentios iniciada no começo do capitulo, pois haviam pessoas acusando ele de pregar a esta doutrina: Se as nossas injustiças só ressaltam a justiça de Deus, Ele não seria injusto em nos punir já que nossos delitos de certa forma enaltecem o caráter justo e santo de Deus? Seria Deus injusto em julgar a injustiça sendo que a mesma é o que torna o ato divino justo? Paulo afirma que não, pois como Deus julgaria o mundo?
Em minha opinião, mesmo que haja essa interdependência, a injustiça ainda é uma ofensa a um Deus infinitamente justo e santo. Mesmo que a justiça divina necessite da injustiça do homem para se tornar eficaz esse fato não anula o caráter depravado do pecado. Mesmo a injustiça do homem revelando a justiça divina, esse ato continua sendo merecedor de punição.

3:9-20
Paulo no verciculo 9 volta ao raciocínio da vantagem entre os judeus e os gentios e afirma que não há diferença entre os dois pois ambos estão debaixo do pecado. Os circuncidados pecaram tanto quanto os não circuncidados trazendo a eles o mesmo julgamento do mesmo Deus justo, pois são ambos depravados em tudo que fazem. Era tolice o judeu se gloriar na lei, pois a mesma só tinha a serventia para que toda boca se cale e que todos fossem culpáveis perante os olhos de Deus. Servia para mostrar que ninguém em suas próprias obras conseguiria ser justificado perante a Deus, ja que ninguém era capaz de cumpri-la e ser justificado por ela.

3:21-31
Visto que de maneira nenhuma há de obter salvação em suas próprias obras, a justiça de Deus foi nos revelada mediante a fé em Cristo Jesus que gratuitamente por sua graça mediante a redenção que há em Cristo Jesus nos justifica de todos os nossos delitos, tanto gentios quanto judeus pois "Deus não faz acepção de pessoas" (2:11) "Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus" (3:23).
Paulo então indaga aos judeus porque se gloriar na lei, pois agora nós vivemos pela lei da fé "pois o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (3:28). Deus não é somente dos judeus mas também dos gentios justificando ambos pelo meio da fé.
Não anulamos a lei, pelo contrário é pela fé que a confirmamos. É mediante a fé em Cristo Jesus que somos capazes de cumpri-la.
O ponto central deste texto é a afirmação de que ambos judeus e gentios estão debaixo do pecado carecendo da glória de Deus e ambos são justificados pela fé em Cristo Jesus, não havendo em si diferença entre um e o outro.

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